terça-feira, 17 de agosto de 2021

Padre Luiz de Góes - Um construtor fluminense e flamenguista

   Alexsandro Acioly (Pesquisador e Historiador - CPDOC/PAJEÚ)

Correção: Larissa Acioly (Acadêmica de Letras -  UFPE)

Quem trafega pela rua existente em Afogados da Ingazeira - PE entre o antigo Colégio Normal (atual Escola de Referência em Ensino Médio Ione de Góes Barros) e a FASP (Faculdade do Sertão do Pajeú), talvez nem saiba o nome da mesma. Muito menos quem foi a figura homenageada com o nome daquela via. Estou falando em Luiz Gonzaga de Campos Góes ou Padre Luiz de Góes, como é denominada tal rua.


Mas quem foi ele? Luiz Gonzaga de Campos Góes era natural de Afogados da Ingazeira. Nascido em 1905 era filho do casal Luiz Alves de Góes e Mello e Petronilla de Siqueira Campos do Amaral Góes. Eles eram membros de família bastante importante no município, e em toda região do Pajeú, já que o seu pai era fazendeiro e tinha bastante influência política em Afogados da Ingazeira. Dentre os irmãos, gostaria de destacar D. Letícia Góes, Oscar de Campos Góes e Miguel de Campos Góes - que era fazendeiro, comerciante e ex-prefeito do município.

Ainda jovem, Luiz Gonzaga segue para o litoral ingressando no Seminário de Olinda, onde é ordenado padre no ano de 1927. Por amor à terra natal, agora padre Luiz de Góes, segue para Afogados da Ingazeira onde faz a sua primeira celebração após ser ordenado, ainda no ano de 1927.

Em Rio Branco, atual Arcoverde, o padre Luiz de Góes permaneceu por três anos. Alguns jornais chegam a citar que o religioso imprimiu um novo sentido relacionado à fé naquela região, e no ano de 1933, por meio de transferência, segue para a capital federal - Rio de Janeiro.

   “O Distrito Federal foi uma divisão político-administrativa do Brasil criada pela Constituição Republicana de 1891. Durante o Império do Brasil a unidade administrativa que correspondia a seu território denominava-se Município Neutro. Era uma pessoa jurídica de direito público com jurisdição, até 1960, no território correspondente à atual área do município do Rio de Janeiro. Com a transferência da capital para a recém-criada cidade de Brasília, o novo Distrito Federal foi criado no Planalto Central em 1960. De 1960 a 1975 no mesmo território existiu o estado da Guanabara.”

Além de religioso era também catedrático em Latim, cargo que exerceu por alguns anos junto ao Departamento de Educação da Prefeitura na Escola Rivadávia Corrêa, além de ser correspondente em alguns jornais do sudeste. Era escritor e um grande orador, inclusive foi um dos oradores em comemoração ao Dia do Presidente comemorado na Capital Federal em 1938. Alguns cidadãos afogadenses do final do século XIX até meados do século XXI, eram ótimos oradores. Inclusive, alguns alcançaram destaques em outras regiões do País, como é o caso do Padre Góes.

   O Santuário de São Judas Tadeu


Figura 2-Padre Luiz de Góes com alguns fiéis. Imagem/Jornal a Noite Ilustrada de 17 de agosto de 1954


   O Padre Luiz de Góes foi o fundador do Santuário de São Judas Tadeu. O mesmo localizado na Rua Cosme Velho, no Bairro das Laranjeiras, na capital do País. No mesmo local, em 30 de Novembro de 1952, aconteceu a solenidade de benção da pedra fundamental.

Antes mesmo da construção do santuário, o vigário já fazia trabalhos sociais em comunidades carentes nas regiões próximas à capela, e ao mais novo santuário construído. Construção que foi realizada através dele, por meio de doações; alguns periódicos citam que ele trabalhou sol a sol, colocando tijolo por tijolo, desde a pedra inicial até o término.

Uma informação bastante importante em relação à Paróquia de São Judas Tadeu é que ela nasceu de um decreto feito por Dom Jayme Câmara, em 01 de Janeiro de 1945. Mas logo foi passada para o então padre Luiz de Góes, que assumiu todo o trabalho de edificação.

       Padre Luiz de Góes e o Clube de Regatas Flamengo

É, minha gente... o pernambucano Padre Luiz Gonzaga de Campos Góes era flamenguista fanático. O título de cidadão carioca proposto pelo Deputado Estadual Silbert Sobrinho (Partido Republicano), em 1960, é aceito e aprovado. Uma das justificações da autoria é por ele ser rubro negro ferrenho, como cita o jornal “Última Hora”, do dia 26 de Maio de 1960.

Outro periódico da Capital Federal, a “Tribuna da Imprensa”, datado de 29 de julho de 1955, destaca uma matéria interessantíssima sobre a paixão do vigário pelo rubro negro carioca. Em uma das falas ele afirma que “o mengo vai ser campeão. Pedi a São Judas Tadeu e ele disse que sim”.

O resultado dessa paixão pelo Flamengo fez com que o clube prometesse ao santuário o altar-mor feito em mármore de carrara. O time afirmou que o Padre foi o grande responsável pelas duas últimas campanhas vitoriosas do clube rubro-negro. Também fizeram uma campanha que ficou conhecida como “A Campanha do Tijolo”. Além do mais, alguns dirigentes do clube convidaram o Padre Luiz de Góes para participar da concentração dos jogadores aos sábados, com o intuito de incentivar a equipe. Segundo o mesmo jornal, os resultados foram os melhores. Desde então, os jogadores do clube iam todos os Domingos à missa, celebrada na Matriz de São Judas Tadeu.

O Padre Luiz Gonzaga de Campos Góes faleceu no Rio de Janeiro em 10 de julho de 1975. Foi sepultado no cemitério de São João Batista, como consta na sua certidão de óbito.

Fonte: http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/



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